Nicolau Nasoni: O Mestre Arquiteto do Porto
18 de abril de 2024
Niccolò Nasoni, mais conhecido em Portugal por Nicolau Nasoni, nasceu em San Giovanni Valdarno, no Grão-Ducado italiano da Toscânia, na atual região de Florença, a 2 de junho de 1691. Filho de Giuseppe Francesco Nasoni e de Margaretta Rossi, iniciou a sua aprendizagem artística e profissional na pintura e nas artes decorativas, bem como naquilo por que ficou mais conhecido: a arquitetura. Desde muito cedo, deixou-se rodear e influenciar por autoridades que eram especialistas na sua arte, como o pintor Giuseppe Nicola Nasini e os arquitectos Franchim e Vicenzo Ferrati. A sua educação, amplamente reconhecida e inteiramente dedicada ao serviço da comunidade, começou na Academia das Artes, ou Accademia dei Rozzi em italiano. Foi aqui que, em 1715, Nicolau Nasoni começou a ganhar alguma notoriedade e visibilidade ao ser escolhido para preparar e executar a obra artística para a nomeação do novo arcebispo de Siena. Alguns anos mais tarde, foi nomeado para a celebração do novo grão-mestre da Ordem de Malta, onde trabalhou e se distinguiu por conseguir um resultado notável, tanto pela riqueza das decorações como pela técnica de construção, no famoso “Carro de Marte” que desfilou no cortejo das celebrações.
Foi de Siena que Nicolau Nasoni partiu para Roma e depois para Malta. Aqui foi responsável pela pintura de um teto no palácio de Valeta, em 1724, obra encomendada pelo português D. António Manuel de Vilhena, Grão-Mestre da Ordem de Malta. Muito provavelmente, foi aqui que tomou contacto com Roque Távora e Noronha, irmão do então Deão da Sé do Porto, que acabou por convidar a visitar e a instalar-se na cidade do Porto. Ao chegar a Portugal, encontrou uma cidade desejosa de uma revolução cultural e artística. Em 1725, começa a pintar a Sé do Porto, um dos primeiros edifícios da cidade a sofrer uma série de transformações de cariz barroco. A partir daqui, a sua obra prossegue, não só ao nível da pintura, mas também da ourivesaria e, principalmente, da arquitetura. Foi com a criação de vários edifícios espalhados pela cidade que Nicolau Nasoni se tornou amplamente reconhecido.
Entre os vários projectos em que trabalhou, construiu em toda a cidade o conhecido Palácio do Freixo, o Porto Paço Episcopal, a Quinta da Prelada, a Casa de Ramalde, e em particular a majestosa Torre dos Clérigos. Estilisticamente, este edifício revela um domínio das fontes do classicismo romano seiscentista, que Nasoni adaptou à estética e aos materiais disponíveis, sem deixar de seguir modelos romanos como a estrutura oval da nave e a fachada barroca, completamente invulgares no panorama da construção portuense da época. Um aspeto especial é o facto de a fachada ser relativamente estreita, o que contribui para acentuar a sua altura e monumentalidade.
É inegável a famosa ligação e associação entre Nasoni e o Porto, que aceitou de braços abertos as suas visões arrojadas e arrebatadoras para a época. Se esta cidade é o que é hoje, é em grande parte graças a Nicolau Nasoni.
As contribuições visionárias de Nicolau Nasoni para a arquitetura do Porto perduram até aos dias de hoje